Longos vão os dias em que o relógio era uma necessidade. Hoje, mais do que nunca, vemos as horas em qualquer lado: no canal noticioso da televisão por cabo, no computador, no telemóvel, até na paragem do autocarro. Só chega atrasado quem quer; pelo menos ninguém se pode queixar que não sabia que estava quase na hora…!

Gradualmente as tendências começaram a mudar e começamos a olhar para o pulso da mesma forma que se olha para um anel. O relógio passou a ser um adereço, uma joia, um símbolo de maior ou menos estabilidade financeira (se não considerarmos as réplicas, obviamente). O relógio serve para marcar uma posição!

Com os telemóveis a “coisa” levou o mesmo rumo. Na década de 90, quanto mais pequenos, melhor. Um telemóvel pequeno era símbolo de estatuto. O seu proprietário não andava simplesmente contactável, mas sim com um objecto (para muitos) de desejo; não carregava um objecto útil, mas algo que simplesmente dava jeito. O telemóvel era pequeno quando deixava de ser preciso e passava a ser simplesmente útil. Com a entrada dos smartphones, e devido à sua característica gráfica extremamente desenvolvida, o paradigma mudou. Passamos a dar valor aos telemóveis (que agora são denominados smartphones) maiores, com ecrã maior. Voltamos a ter prazer em carregar mais peso para mostrar que temos um modelo superior. Os smartphones medem-se também pelo tamanho. Vendem-se não só pelas características mais técnicas, mas também “às polegadas”. Quanto maior, mais caro logo, mais capacidade financeira tem quem o carrega.

Aqui o mercado divide-se em duas religiões: os fãs de Apple e os de Android. No que respeita à primeira opção, acham piada pertencer a uma elite. Têm um telemóvel bom, com características especificas (não vou entrar com comparativos, até porque sou tendencioso) e com um design que foi em tempos revolucionário e agora se preza em manter o aspecto. Os fãs de Android têm uma enorme variedade de produtos, com vários tamanhos e feitios, prontos a serem utilizados.

Ora, se há vários modelos de smartphones a competição tem de ser obrigatoriamente elevada. Diz o mercado que os preços tendem a descer em casos deste tipo. A China, que outrora fora apenas a “fábrica do mundo”, veio a acumular conhecimento apenas por construir smartphones para as grandes marcas. Concluíram que tinha tecnologia suficiente para conseguir invadir o Ocidente com produtos semelhantes e, em alguns dos casos, perfeitas réplicas de smartphones mais caros. Entram com marcas desconhecidas, mas com preços que valem a pena arriscar. UMI, Elephone, Kolina, THL, Ulephone, … há nomes para todos os gostos e modelos a condizer.

Com preços a rondar os 100 e os 200€, porque não investimos em tecnologia? Os telemóveis Android usam uma conta do gigante Google onde armazenamos os nossos contactos; os emails são transversais às diversas plataformas, …. nada me impede de ter mais do que um telemóvel. Ate há meia dúzia de anos, Portugal era o país onde havia mais telemóveis por habitante. Tinhamos a mania de ter mais do que um cartão, mais do que uma rede e, por conseguinte, precisávamos de número de telemóveis a condizer. Assim como assim, ter mais do que um telemóvel é algo que não se estranha. Porque não usar este factor a nosso favor? Hoje é possível que o telemóvel seja considerado um acessório? Obviamente que sim.

Há quem use o telemóvel para trabalhar, outros para tirar selfies e ir às Redes Sociais, outros só querem jogar, … mas a certa altura “parece mal” andar com um tijolo no bolso, que dá jeito para os jogos, mas não condiz com o fato de cerimónia. Assim, pelo preço de um relógio, porque não termos várias opções?

Os smartphones podem ainda dar-nos um pouco mais de crédito. Hoje, se chegarmos ao trabalho com um smartphone e numa saída à noite apresentarmos outro, somos automaticamente conotados como financeiramente saudáveis. O que muito não se lembram é que o preço dessa “carapaça” não é maior do que o mesmo que temos de pagar para podermos mudar, por exemplo, de relógio. O importante aqui é estarmos atentos, percebermos quais são as alternativas existentes e com o design mais adequado às diversas situações e investir. Pelo preço de uns sapatos, que até nem é uma prioridade, compro um smartphone online. Pelo preço de um relógio compro outro e se com o que ia gastar num fim de semana fora comprar outro, tenho já 3 opções com as quais posso jogar.

Pensem nisto! Usem a tecnologia a favor do estilo pessoal de cada um de vós…

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