A Idade de Adeline contorna um género de cinema, sem nome concreto, onde a personagem principal recebe um dom ou maldição, dependendo do ponto de vista, que a coloca numa posição distinta do normal, e a obriga a perspetivar a vida de forma diferente do resto da humanidade, mas sem a desvincular das necessidades que movem qualquer animal humano. Exercício de estilo que nos obriga, a nós espectadores, a olhar para temas recorrentes, mas de um ângulo substancialmente diferente.

Quando a sétima arte usa esta fórmula para contar histórias, ou se faz valer da fantasia, sem grandes responsabilidades de conteúdo realista, ou atribui ao acontecimento alguma justificação com base de conteúdo científico. Adelina opta pela segunda hipótese, a mais arriscada, porque normalmente é a que funciona menos bem. Neste caso, o recurso foi inteligentemente resolvido: tratado de forma suficientemente subtil, sem se adentrar em grandes pormenores, mantém o equilíbrio entre um resposta aparentemente real dos factos e a poesia inerente ao acontecimento em si.

Blake Lively, responsável pela personagem, contemplada com um talento fora do normal, não representa um papel extraordinário, mas consegue imprimir na personagem uma aura de estranha nobreza, fundamental no contexto da obra. O resto do elenco é constituído por alguns actores de referência, pilares resistentes a uma história de premissa fantasiosa.

O único ponto negativo a destacar diz respeito à facilidade com que algumas personagens aceitam a condição de Adeline, como se ela não obrigasse a ponderar acontecimentos fundamentais ocorridos ao longo do filme. Mas, de vez em quando, é necessário saltar um ou outro pormenor para avançar na história, e nem sempre é fácil esconder isso do espectador.

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1 Comment
  1. Eu gostei do filme, é uma temática que mexe com as pessoas. A questão do tempo, das perdas, ganhos e o medo..
    Me encantei com a atuação da atriz Blake Lively , e , é claro, muito bela. Incorporou a personagem. Não gostei da narrativa inicial, ficou muito didático e revelador. Privou o público o direito de ir descobrindo o drama da personagem, poderia ser melhor ao meu ver.
    Mas o filme é belo e consegue depois de certo tempo de exibição envolver e emocionar o público.

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