Esta semana, infiltro-me no vosso coração.

Desculpem o mau jeito, mas esta semana, apetece-me falar do Amor.

Podia dar-me para pior. Não acham?

Dizem os media e as conversas entre conhecidos e amigos, que são cada vez mais os divórcios, comparados com o número de casamentos. Aliás por cada novo casamento, estima-se imediatamente um novo divórcio. Após os três/cinco primeiros anos, é quase garantido e um dado adquirido que x anos depois, a paixão vai acabar e, com ela o casamento outrora feliz e apaixondado. Tudo o que encontrávamos de bom no outro e nos deixava extenuados, rapidamente vira o inverso e parece que nada nos satisfaz.

Ou porque dá puns na cama; deixa as tampas das garrafa abertas; as cuecas espalhadas pelo chão; os cabelos na banheira e tantas outras coisas igualmente insignificantes.

Parece que o Amor está fora de moda, ou muito possivelmente está instalada uma grande confusão e uma tremenda crise de valores.

Se no tempo dos nossos avós e bisavós, o casamento era até ao nomento em que morte separava e pouco importava conceitos como felicidade e partilha de ideias e ideais, hoje em dia o casamento só acontece mesmo até ao momento em que a felicidade é cabeça de cartaz e que quando a mesma esmorece, entrega-se de bandeja, o pobre ou a pobre coitada, que em tempos contribuiu para a nossa felicidade.

Ser estupidamente feliz, está na meta das metas, mesmo desconhecendo o que nos faz verdadeiramente felizes e colocando à partida essa responsabilidade a quem nos levou ao altar.

Há pouco tempo cruzei-me com esta frase:

“Os relacionamentos não existem para nos fazer felizes, mas para nos fazer crescer”.

Primeiro torci o nariz, mas a verdade é que depois do nariz estar torcido e até deitar um pouco de sangue (metaforicamente falando, claro), rapidamente senti que esta frase estava recheada de verdade.

O amor não é um parque de diversões, gente!

Engana-se aquele que julga que o parceiro/a, é responsável por trazer paz e sossego, realização pessoal, mimos, noites de sexo e prazer descarado, idas ao cinema, jantares com amigos até a altas horas da madrugada, filhos bonitos, saudáveis e inteligentes e um sem fim de outras exigências.

O amor nada tem a ver com isto, o amor é simples. Acontece no silêncio e nada pede em troca.

Quando partimos para a vida, com a crença que o/a nosso parceiro/a é responsável pela nossa felicidade, está o caldo entornado.

A varinha mágica, funciona milagrosamente durante o primeiro ano e depois disso, parece avariar e nem o melhor dos mágicos a consegue consertar.

Ficamos indignados e zangados, como se tivessemos sido enganados. O Sr. Carteiro ou Sr. Deus, deve-se ter enganado na porta, pensamos. Como poderíamos ter encomendado um sem fim de defeitos? Logo nós, tão perfeitos.

Bora lá então devolver à precedência – motivo de devolução: encomenda mais do que avariada!

DIVÓRCIO! Mais um para a contagem.

É preciso muita coragem, para virar a atenção para nós próprios e deixar o/a nosso parceiro/a sossegado/a.

É preciso muita coragem e dedicação para saber o que nos faz felizes e ter mais coragem ainda, para ir atrás.

Não damos espaco para erros nem falhas. Exigimos que o/a nosso/a parceiro/a cuide de nós como os nossos pais, que nos ame incondicionalmente, que esteja sempre lá e de preferência limpo e perfumado, que nos faça sentir bem a toda a hora e que tape todos os buraquinhos vazios e existentes na nossa Alma.

Bolas, que trabalho ingrato! Não haverá em parte alguma do Mundo, alguém que faça todo este trabalho por nós, a não sermos nós próprios.

Ao invés de se procurar parceiros, talvez devêssemos procurar robots, sempre prontos a satisfazer as nossas necessidades.

O amor não serve para nos afligir as necessidades.

O amor serve para crescermos com ele, para termos a capacidade de olhar para dentro e percebermos o quão frágeis ainda somos e ao mesmo tempo tão maravilhosamente potentes e poderosos podemos vir a ser, se nos dermos a esse trabalho.

Há pouco tempo descobri que o amor não é um penso rápido, é uma compressa bem grande, que aos poucos deve ser retirada para dar espaço à pele para respirar e revigorar.

Há pouco tempo descobri que o amor não é para ser pensado e tão pouco, para ser exaustivamente falado.

Perdoem-me a infiltragem, mas o amor bateu-me à porta e apeteceu-me partilhar.

Tenho assistido a muitos divórcios de perto e na grande maioria dos casos, ambas as partes nem sabem porque se separaram.

Se estás a viver um destes casos, nao queiras fazer de mim a tua conselheira matrimonial, hã?

Aproveita mas é a oportunidade e olha te ao espelho e cresce, ao lado de quem amas, mas que por alguma razão te esqueceste.

Prometo que para a semana, trago assuntos mais apimentados.

Sejam felizes.

Boa semana.

A Infiltrada.

FOTO: Alejandra Quiroz

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Dina Fonseca

Chamo-me Dina. Dina Fonseca. Mas por aqui, chamem-me Infiltrada. E o que vou fazer é, literalmente infiltrar-me no vosso universo, na vossa cabeça. Vou meter o bedelho onde não sou chamada! SIM!!! Caros senhores estejam atentos, porque a Infiltrada anda à solta… e com uma colher de pau.

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