Big Game é um peça completamente inesperada no puzzle da cinematografia actual. Apresentado aos meios de comunicação como um filme juvenil de acção, seguindo uma receita aparentemente previsível, surpreende quando, embora não saindo completamente dos contornos defendidos pelo gênero, consegue no todo ser um filme bastante curioso pela sua originalidade.

Isso deve-se ao facto de, embora Big Game pegue numa temática tipicamente hollywoodesca, a sua origem finlandesa, inglesa, e germânica, de realizador e autor finlandês, arrisca mais do que é normal neste tipo produção. O que permite ao filme pegar nas referências conhecidas pelo público e deturpá-las ou exagerá-las, de forma a ganhar um contexto crítico, um pouco caricatural dentro do próprio gênero. O presidente dos EUA deixa de ser apresentado como um ser destemido, defensor acérrimo da sua pátria e dos valores democráticos, e passa a ser um ser humano com as suas fragilidades, inseguranças e incertezas, e o herói que defende o ícone mundial da ameaça terrorista, uma criança, filho de caçador montanhês, envolvida numa engrenagem de corrupção política por mero acaso. Noutros detalhes, que deixo ao público a oportunidade de descobrir, chega mesmo a rasar o subversivo, atacando as entranhas do governo norte-americano.

Assim sendo, um filme aparentemente inofensivo, consegue ser mais do que aparenta, politicamente incorreto, mas não muito; uma visão estranha à que nos é habitualmente imposta, e que, mesmo assim, não perde o respeito pelo lado humano das suas personagens.

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