Um dos temas mais curiosos que as artes narrativas podem abordar é o da inteligência artificial. Isto porque a nossa relação com a consciência parte muito da forma como contamos histórias, as nossas e as dos outros. Mas simultaneamente é um tema que devido à sua complexidade e delicadeza faz com que seja de abordagem difícil. Com muita facilidade se pode tornar óbvia e previsível.
Ex Machine nem sempre consegue encontrar a subtileza exigida, mas no total o resultado é positivo. A realização é segura, as interpretações equilibradas, e é um filme esteticamente bem resolvido. Os vários elementos orquestrados na obra estão em harmonia, o que permite contornar de forma elegante alguns dos problemas de conteúdo. O trabalho de realização soube vestir o esqueleto do filme com roupas exóticas, criando atmosferas atraentes que aliciam a consciência do espectador a viajar pelo labirinto das questões propostas sobre a sua efémera e indefinida existência.
A performance dos actores encaixa nas paredes que os confinam, algumas de vidro outras de pedra, tal como as suas personalidades, que nem sempre nos parecem claras e transparentes, mas opacas e com contornos obscuros.
Os efeitos especiais acompanham em qualidade o trabalho empenhado pelos actores e realização. A equipa por eles responsável esteve atenta às necessidades do filme, sem se evidenciar mais do que é necessário.
Ex Machine não é genial, por vezes escorrega um pouco na banalidade e nem sempre é imprevisível como pertente, mas é um filme habilidoso e sabe esconder as suas fraquezas.
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