Narrado em paralelo entre os anos noventa e os anos quarenta do século passado, Mulher de Ouro leva o público a uma viagem entre duas épocas que se cruzam, com o objectivo de perpetuar as memórias de uma mulher sobre os momentos mais importantes da sua vida. O filme relembra a ideia de que o que faz do ser humano aquilo que ele é, assenta muito na sua capacidade de recordar, e se há coisa que aviva sentimentos passados são os objectos que, pelo seu contexto, aportam uma carga simbólica muito forte na existência individual, ainda para mais quando, neste caso, esse objecto é o retrato de um ente querido.
As duas épocas são representadas, respectivamente, por duas personagens: uma mais velha, cuja função é a de alertar para acontecimentos que não devem ser esquecidos, e uma personagem mais nova, responsável por perspectivar de forma renovada esses mesmos acontecimentos, porque não é só da memória pessoal que este filme se trata, mas também da memória colectiva de um povo.
Mulher de Ouro é mais uma catarse fílmica, entre muitas outras, do povo judeu sobre as atrocidades que o regime nazi cometeu entre a sua gente. Neste caso o confronto advém do roubo perpetrado pelos nazis às riquezas – materiais e simbólicas – dos judeus.
Baseado em factos verídicos, o tema é representado de forma interessante, pelos motivos antes apresentados, mas a narrativa nem sempre é equilibrada, porque o foco do filme por vezes aponta para o sítio errado na altura inadequada. Isso leva a que hajam motivações que ficam por explicar, principalmente no lado da personagem mais jovem. Felizmente a qualidade de trabalho dos actores ajuda a que este problema não se evidencie demasiado ao ponto de o filme desmoronar, e o seu final acaba por ser pontuado com nota positiva.
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