Nem sempre, quando um filme tem uma componente de canto preponderante, a dobragem das vozes cola de forma convincente com o movimento da boca e a expressão da personagem. O motivo pode ser a falta de convicção do próprio actor, na simulação de um acto que não é inteiramente seu, pois a maioria das vezes a voz cantada é gravada à posteriori pelo próprio actor ou por um cantor profissional.
Este fenómeno, verificado na prática em O Coro, pode muito bem servir de metáfora para a obra como um todo, pois tudo neste filme parece descolado. Não só as bocas das vozes, como os actores das personagens e as situações da história. Individualmente os elementos que o compõe são de qualidade, o problema está na forma como são cosidos entre eles. Dá a sensação de haver uma falta de motivação, denunciável na realização, que assegure uma narrativa convincente, para que esses vários elementos possam interagir entres eles de forma coerente e segura para se fazerem valer.
Este é um filme de cariz musical, onde as notas não desafinam, mas cada instrumento toca para o seu lado, sem se harmonizar, e a melodia esmorece numa interpretação nada emotiva.
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