Como homem deveria supor, ou subentender, a minha mediocridade, e banalidade, relativamente a ser um eventual avaliador de presentes na época natalícia. Uns ténis novos, uma box de concertos únicos, sei lá, de Pearl Jam, Xutos, o concerto dos 35 anos, ou alguma compilação do Zeca, ou de alguma série, completa, claro está, e limitada, se possível, obrigado. Todo e qualquer homem anseia por esse género de prendas, ou também com o tal lote de bacalhôa tinto, meia pipa e de selecção particular.
Mas eu não, sinceramente. Prefiro mil vezes um sentido abraço do meu ente querido, umas empadas de galinha congeladas do lidl e uma sangria de garrafa a saber a plástico mal cozido. A sério. Não estou a brincar. Se esse gesto vier acompanhado de amor, carinho e compreensão pela mútua pobreza de espírito, como rejeitar tal abnegação?…
Poderei, para todos os efeitos, deixar-me subornar, parece que está na moda, por alguns itens de carácter gastronómico ou tecnológico. Mas, como escriba romântico focado nos ideais do renascimento, esta teve a sua piada, não me focarei no obtuso materialismo de um tablet topo de gama ou numa palete de uma qualquer reserva de uma garrafeira alentejana de tinto, já tinha referido o vinho tinto? Ou num acomodado caixote refrigerado de queijinhos de nisa ou de cabra alentejana. Não, nada disso. Fico-me pelos rissóis do mini-preço e pelo branco envolto em papelão onde a torneira pode durar uma vida ou uma rodada.
Resumindo, reafirmo que não pretendo nem o Kama Sutra ilustrado em 3D, com os óculos, claro, nem o iphone 6, nada disso, apenas me circundo aos mini croquetes do inter-marché e à garrafa de champomy. A sério, não pretendo nada dos luxos referidos, nada mesmo.
Obrigado. Um beijo, meu amor, e já agora, um Bom Natal.
Este autor não aplica, nem pretende fazê-lo num futuro próximo, o tal (des)acordo ortográfico.