A moda dos namoros é equivalente aos primórdios da existência humana e ainda bem. A teoria clássica atesta que um bispo romano contrariou um imperador, Cláudio II, e continuou a celebrar casamentos quando este queria formar um feroz exército de solteiros e bons rapazes, sem responsabilidades familiares.

Eu, modernamente, iria por outro caminho. Diz-se do mítico actor italo-americano Rodolfo Valentino, magnânima estrela de Hollywood dos anos dourados do cinema mudo, que o amor o perseguia como as formigas tentam laçar o açúcar ou as fãs o CR7. Era uma espécie de Brad Pitt que não falava muito, mas que teria um controlo absoluto sobre a sua masculinidade e objectivos namoradeiros.

Como povo não nos podemos martirizar muito se uma moda qualquer nos invade como esta do “valentinismo” ou do Halloween, por exemplo, uma vez que tivemos o desplante de introduzir na muito zelosa sociedade britânica o chá das cinco ou nas comunidades da diáspora por onde circulamos o hábito da “mine” no período pós-laboral.

É como tudo na vida, há comportamentos que se enraízam e se tornam modas e, à posteriori, normas sociais. Além dos exemplos referidos, tantos existem nas sociedades modernas que, observando bem, nos fazem reflectir o quão influenciáveis somos. Ninguém calcularia que se não fosse o John McEnroe os jogadores de ténis não passariam daqueles betinhos que não dizem um palavrão ou que não discutem as decisões do árbitro ou dos juízes de linha ou que se não fosse o Futre não teríamos jogadores da bola a fumar no intervalo dos jogos…

No fundo, servirão estas datas e comportamentos que nos invadem diariamente apenas como ferramentas de puro marketing ou também para nos alertar para que determinados valores como o amor, a paixão e a sensualidade não fujam das nossas vidas? Nestes tempos de cólera e stresse generalizado opino que até devemos agradecer aos marketeiros estas acções em larga escala de consumismo desmesurado.

No entanto, os tempos de cólera, como diria o Gabriel, também servem para que façamos destas datas e comportamentos um hábito e não uma festividade ou acção isolada. Sejamos honestos connosco próprios e com quem nos ama e avancemos definitivamente para o estatuto de Rodolfos Valentinos todos os dias, a todas as horas e saibamos transmiti-lo para as gerações vindouras.

Foto: Charlie Foster

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João Resende

O João começou a escrever estas estranhas coisas na altura da escola primária, só que nos caídos em desuso cadernos de duas linhas, tal não era a beleza da sua canhota caligrafia. Ainda pensa em adquirir a sua ilha no Pacífico, para tal desiderato pensa ganhar, um dia destes, o Euromilhões ou assaltar quem o tenha feito ou então tornar-se empresário de futebolistas em fase de formação e fazer meia dúzia de milhões e reformar-se. Hobbies: Cerveja, Home Cinema, Sporting e, claro, as suas 3 princesas que lhe orientam o Norte, o Sul e tudo o resto...

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